Moçambique – O candidato presidencial Venâncio Mondlane, que disputou as recentes eleições, declarou que não assumirá o cargo em meio a um cenário de vandalismo, pilhagem e destruição. Em comunicado nas redes sociais, Mondlane anunciou que poderá suspender o plano de criação de um Tribunal Constitucional Popular para oficializar sua posse, agendada para o dia 15 de janeiro, caso as condições de instabilidade continuem a dominar o país.
Defesa do Bem Público
Mondlane questionou como seria possível tomar posse em meio ao caos, enfatizando que sua luta está centrada na proteção do bem público e na preservação de lojas, empresas e projetos econômicos.
"Não vou tomar posse quando estivermos a destruir tudo. Como é que chegarei ao local de tomada de posse? É para tomar posse no meio de escombros? Não. Vocês sabem qual é o nosso foco", declarou o candidato.
Ele fez um apelo à população para que defenda o patrimônio público e privado, redirecionando as críticas à atuação do Conselho Constitucional, Comissão Nacional de Eleições (CNE) e Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
Críticas à Polícia e ao Sistema
Mondlane também apontou falhas na atuação da polícia durante os episódios de vandalismo, destacando uma suposta omissão das autoridades.
"A mesma polícia que antes atacava e assassinava, agora quase incentiva as pessoas a atacar e roubar", afirmou, condenando os recentes ataques a lojas, barracas e supermercados.
Sobre a fuga de reclusos da penitenciária de máxima segurança BO, Mondlane levantou suspeitas sobre um plano premeditado, sugerindo a conivência de autoridades superiores.
"Como é possível alguém sair da cadeia e, no lugar de fugir, deixar-se filmar?" questionou, apontando críticas ao comandante-geral da polícia.
Contexto e Caminho Adiante
A declaração de Mondlane ocorre em um momento de intensa polarização política no país, com protestos e tensões generalizadas após as eleições. A postura do candidato reflete a busca por um equilíbrio entre sua posição política e a necessidade de preservar a ordem pública.
A decisão de Mondlane em condicionar sua posse ao restabelecimento da calma é vista como um gesto estratégico para fortalecer sua posição política e destacar seu compromisso com o bem-estar do país. O desdobramento das ações será crucial para determinar o futuro político de Moçambique.